23 de março de 2011

Yes, nós temos Obama!

Por Daniele de Sá

Demorou, mas chegou. O homem mais poderoso do planeta aportou de mala e cuia na ensolarada terra brasilis. Com toda a pompa e circunstância dignas de um chefe de Estado, mister president Barack Obama e família real americana, aproveitando-se do período de férias escolares das crianças, resolveram dar uma “esticadinha” de cinco dias por essas bandas equatoriais.

Por exatas vinte e quatro horas, foi até possível esquecer que não passamos de um país subdesenvolvido com pinta de nação emergente que tenta driblar a crise com a mesma eficácia de um passista desiludido por ver a sua escola do coração rebaixada ao grupo de acesso.

Desde o último baile da ilha fiscal, o Brasil não via um evento de tamanha magnitude. Se as próximas eleições americanas forem no Brasil, Obama é o cara certo para conduzir a nação, dada a popularidade do gringo por aqui.

Depois de uma rápida passadinha por Brasília para verificar se os padrões de umidade relativa do ar tinham atingido níveis consideráveis para os padrões norte-americanos de senhores do universo, e ratificar que merecemos, sim, um cantinho de destaque no Conselho de Segurança da ONU, (me engana que eu gosto) veio curtir o merecido descanso na cidade maravilhosa.

Enquanto isso, em um reino desencantado muito distante daqui, graças a Deus, o ditador sexagenário e megalomaníaco Muammar Kadaf insistia em afrontar a comunidade internacional, recusando-se ao cessar fogo e, como de praxe, não deu outra: por volta das 21 horas, pelo horário de Brasília, os EUA ordenavam que as forças de coalizão atacassem alvos na Líbia.

Mas o momento era só de alegria, afinal de contas, não é todo dia que o carioca pode ser sentir como um personagem de filme de ação estadunidense – com direito a agentes ultra--secretos, atiradores de elites e máscaras antigás.

Inclusive, bem que um projeto de lei poderia tramitar no senado federal ordenando que todo brasileiro tenha o seu próprio kit antiterror – composto no mínimo por um agente secreto e outros opcionais que garantiriam a segurança da população contra roubos, sequestros relâmpagos e outros afins.

Em seu concorrido discurso no Theatro Municipal, ele se declarou um apaixonado pelos morros verdejantes do Brasil. Uma rápida consulta no Google Earth claramente mostraria que os morros já não estão tão verdes assim, desde que uma coisinha chamada ocupação desordenada entrou em cena.

Triste mesmo é que não foi dessa vez que o povão que acordou cedo pra pegar três ônibus para ver o homem foi barrado do baile da democracia americana. Infelizmente não foi dessa vez que o povo entrou para o high society. Já que não fazia parte da lista dos dois mil sortudos, o slogan “Yes, we can!” para eles não valeu de nada. Houston, acho que temos um problema!

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