11 de maio de 2011

O esporte movido a paixão

Por Daniele de Sá

Falta um novo olhar sobre o futebol brasileiro, talvez uma crônica ao velho estilo rodriguiano de comentar a paixão “número um” do povo canarinho. O que diria o amante confesso e ardoroso do fluminense se acaso se teletransportasse do outro mundo para ver as partidas de futebol da atualidade?

O que pensaria o velho Nelson Rodrigues ao se deparar com uma época em que jogadores de futebol por vezes são mais valiosos que barris de petróleo? Numa época em que jogos eram matches e placares atendiam pelo alcunha de scores, a profissionalização do jogador de futebol era algo impensado até então. Onde se pensara em pagar um cara para chutar uma bola?

Sem a menor sombra de dúvidas, o criativo universo rodriguiano se deliciaria com os causos de hoje. O pai do mitológico sobrenatural de Almeida certamente teria muitas crônicas a contar; foi a testemunha do nascimento de semideuses habilidosos que conduziam a esférica com genialidade e que, mais tarde, seriam alçados à categoria de mitos.

O livro Jornalismo Esportivo, de Paulo Vinícius Coelho (Contexto, 2003), lança uma nova visão sobre o jornalismo Esportivo. E que fique bem claro: ele não bebe apenas das fontes futebolísticas, mas de uma infinidade de outras modalidades esportivas.

O autor dá um claro aviso: quem se envereda pelo espinhoso caminho do Jornalismo Esportivo o faz por pura paixão, visto que é o mais mal remunerado dos segmentos da imprensa. Quem quiser sobreviver honrando sua camisa terá que levar em consideração o compromisso com a verdade e a seriedade, mas sem perder a ternura jamais.

É preciso enxergar o esporte como uma crônica à la Nelson Rodrigues, que hoje mais parece um quadro mal escrito na parede, mas como dói...

Nenhum comentário:

Postar um comentário