27 de abril de 2011

O negócio está complicado.


Por Daniele de Sá

Com toda licença ao saudoso Nelson Rodrigues, mas só pode ser alguma armação do lendário sobrenatural de Almeida, porque apenas a intervenção de uma entidade importada do outro mundo pode explicar o atraso das obras dos estádios que sediarão a Copa do Mundo de 2014.

Pelo andar da carruagem, há muita gente acreditando que nem mesmo o famoso hábito brasileiro de deixar tudo para os instantes finais do jogo nos vai adiantar algo.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, com cara de pouquíssimos amigos, deu um ultimato, criticando a demora nas obras: “É necessário acelerar os preparativos, pois a Copa do Mundo será amanhã e os brasileiros estão pensando que será depois de amanhã", disse Blatter. Mas depois que viu os relatórios sobre o andamento dos preparativos para o Mundial, com foco principalmente na construção de estádios, ele deu uma recuada estratégica – digna de quem confia desconfiando.

Por aqui, a opinião vigente é tudo não passa de história da carochinha para inglês ver, ou melhor, para suíço ver, dada a nacionalidade de Blatter. As estimativas não são nada animadoras, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O jogo ser um jogo dramático,corre-se um sério risco do Brasil não levar o caneco para casa dessa vez.

Dos 13 aeroportos das cidades que receberam o evento, seus projetos urbanísticos e arquitetônicos não foram convertidos em realidade a tempo de receber o mundial, a execução nas obras infraestruturais demorariam no máximo 92 meses, ou seja, 7 anos. Somando-se a isso outras despesas básicas como treinamento de voluntariado, sistemas de segurança e meios de acesso, os investimentos financeiros e burocráticos ultrapassaram tranquilamente a casa dos 30 bilhões. Se a esperança é última que morre, é melhor que comecemos a cruzar nossos dedinhos.

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